PNEUMOTÓRAX - IDENTIFICAÇÃO E TRATAMENTO

PNEUMOTÓRAX - IDENTIFICAÇÃO E TRATAMENTO

O Pneumotórax de Tensão é uma uma condição e é mais provável que ocorra por um trauma envolvendo uma abertura na região peitoral. Reconhecer e tratar o pneumotórax rapidamente é importante. Isso é particularmente importante para socorristas que estão trabalhando em ambientes táticos e que possam vir ter contato com traumas torácico.

 

Illustration showing a pneumothorax. (Blausen.com staff.

Ilustração de um pneumotórax. Normal Lung*(Pulmão Normal) Collapsed Lung**(Pulmão Colapsado) (Blausen.com staff. “Blausen gallery 2014”. Wikiversity Journal of Medicine. DOI:10.1347/wj/2014.10. ISSN 2001762.)

 
As Forças Armadas Americanas coletaram ao longo dos anos vastos dados sobre pneumotórax de tensão e tratamentos subsequentes. Em um ambiente de combate, o pneumotórax de tensão é o segundo em causas de mortes, e pode ser prevenido na maioria das vezes.
 
Com o tempo, mais informações estão vindo à tona, e provavelmente melhorarão o índice de sobrevivência para vítimas em um ambiente pré-hospitalar.
 
Qualquer ferimento aberto no tórax tem alta probabilidade de se tornar um Pneumotórax. A equipe médica precisa estar atenta aos seus sinais, sintomas e tratamento. Este artigo não tem a intenção de substituir qualquer tipo de treinamento.

VISÃO GERAL DO FERIMENTO

Um pneumotórax significa que há presença de ar entre as membranas que envolvem os pulmões. Isso ocorre quando quando o ar, dos pulmões ou fora dele, entra na cavidade pleural que é normalmente ocupada pelo pulmão. Um “pneumotórax fechado” é quando a parede torácica fica intacta. Isso dito, um pneumotórax fechado pode ser causado por inúmeras razões, mas mais frequente por trauma resultando em uma fratura da costela que perfura o pulmão, liberando ar para dentro da cavidade pleural. Os sinais e sintomas de um pneumotórax fechado são:

  • Dor no peito
  • Respiração Acelerada (Taquipneia)
  • Falta de Ar (Dispneia)

Normalmente, um pneumotórax fechado não ameaça à vida, exceto quando ele se torna um pneumotórax de tensão, que vamos discutir depois.

Um “pneumotórax aberto” ocorre quando há uma abertura na parede torácica, que pode ser resultado de um trauma penetrante como um ferimento por arma de fogo ou uma facada. Essa abertura permite que o ar entre no corpo, passando pela abertura na parede torácica, diretamente no espaço pleural. Quanto maior for o buraco, ou buracos no tórax, maior a quantidade de ar que pode entrar.

Lembre-se, a abertura também pode estar nas costas da vítima no caso de um ferimento por arma de fogo. É necessário checar a frente, as costas e a lateral da vítima para trama perfurante. Se a vítima estiver usando colete balístico, é fundamental checar por locais atípicos de entrada e saída, que podem ocorrer devido a deflexões da armadura. Os sinais e sintomas são similares a um pneumotórax fechado, mas com a adição de sons similares a de sucção ou de gargarejo que podem ocorrer na abertura.

PNEUMOTÓRAX DE TENSÃO

Um pneumotórax de tensão ocorre quando a vítima não consegue compensar, e vários eventos começam a ocorrer que podem levar à morte. Quando o ar começa a ocupar o espaço pleural na inspiração pela abertura na parede torácica, o ferimento pode agir como uma válvula unidirecional e não permitir que o ar saia, isso leva a um efeito cascata.

Quanto mais ar entra no espaço pleural, a pressão na cavidade aumenta e o pulmão começa entrar em colapso no lado ferido. Uma vez que o pulmão está colapsado, a pressão começa a comprimir o coração, movendo o mediastino para o lado oposto ao ferimento. Essa tríade de pulmão em colapso, movimento do mediastino e respiração ineficaz é o início de uma rápida deterioração do paciente e  inabilidade da vítima manter a oxigenação. Com o passar do tempo há um desvio da traqueia notório e a vítima morrerá se não receber tratamento.

TRATAMENTO DO PNEUMOTÓRAX

Para um pneumotórax aberto, o tratamento requer em selar o ferimento com um curativo oclusivo. Normalmente a área tem sangue, pelos e sujeira, que podem ser empecilhos em manter o curativo intacto ou aderente. Há curativos feitos especificamente para ferimentos no tórax, cuja bandagem e cola são agressivas, que garantem uma selagem eficaz. Curativos oclusivos tem sido usados por militares e socorristas ao redor do mundo e devem fazer parte de um kit de socorros (IFAK).

Com um ferimento aberto que está coberto, a vítima ainda pode deteriorar e ter um pneumotórax de tensão. Isso ocorre quando o ar esta vazando do pulmão afetado, continuando assim, a encher o espaço pleural com ar que não pode sair.

O próximo passo é a descompressão torácica. Isso envolve usar uma agulha e um cateter para liberar o ar preso no espaço pleural. Se o paciente tem um Pneumotórax aberto ou fechado, a agulha é necessária para salvar a vítima.

Uma descompressão por agulha significa inserir uma agulha longa no segundo espaço intercostal, na linha média-clavicular. Quando isso é feito corretamente, um som de ar preso se soltando (similar ao esvaziamento de um pneu) será evidente, e a condição da vítima melhorará.

EQUIPAMENTO PARA DESCOMPRESSÃO COM AGULHA

É importante ter um equipamento adequado para fazer a descompressão com sucesso. Os últimos dados sugerem que a melhor agulha para o tratamento de pneumotórax em um adulto é de 3,25 polegadas, gauge 14.

Um estudo pela Military Medicine mostrou que uma agulha de 3,25 polegadas atingiu, com sucesso, o espaço pleural em 99% dos casos.

Pesquisas do Instituto Cirúrgico do Exército Americano também tem ficado no tratamento de pneumotórax. Estudos determinaram que a descompressão por agulha é tão eficaz quanto tubo peitorais, e os benefícios podem durar até quatro horas.

Tension Pneumothorax Needle

MÉTODO PARA DESCOMPRESSÃO

Uma descompressão por agulha somente deverá ser feita se a vítima estiver com um pneumotórax de tensão. A agulha deverá ser inserida a angulo de 90 graus em relação a parede torácica. Isso é um ponto crítico, pois posicionara a agulha diretamente no espaço pleural. Se qualquer outro angulo for usado, há chance de atingir outras estruturas na área, como o coração e artérias.

Os próximos passos deverão ser tomados para efetuar a descompressão.

1 – Verificar se a vítima está oxigenada, se possível.

2 – Selecione o local
a) Lado afetado, no segundo espaço intercostal, na linha media-clavicular.
b) Nota: Desenhe uma linha imaginária do mamilo ate a clavícula. A agulha não deverá ultrapassar a linha para o lado do peito.

3 – Limpe o local com álcool

4 – Prepare a agulha

5 – Insira a agulha no segundo espaço intercostal (acima da terceira costela) em um angulo de 90 graus com relação ao peito.

6 – Escute o ar saindo pela agulha.

7 – Remova a agulha e deixe o cateter.

8 – Fixe o cateter no local usando fita aderente.

9 – Verifique se a tensão foi aliviada e se a vítima teve melhora. Se não houver melhora, repita o procedimento com outra agulha colocada adjacente à primeira.

10 – Monitore a vítima .

Referências 
1. Barton ED, Epperson M, Hoyt DB, Fortlage D, Rosen P. Prehospital needle aspiration and tube thoracostomy in trauma victims: a six-year experience with aeromedical crews. J Emerg Med. 1995;13:155–163.
2. Bellamy RF: “The causes of death in conventional land warfare: Implications for combat casualty care research.” Military Medicine.149(2):55–62, 1984.
3. Holcomb JB, McMullin NR, Pearse L: “Causes of death in U.S. Special Operations Forces in the global war on terrorism 2001–2004.” Annals of Surgery. 245(6):986–991, 2007.
4. Ludwig J, Kienzle GD. Pneumothorax in a large autopsy population. Am J Clin Path. 1978;24 –26.
5. Memorandum. Department of the Army, Office of the Surgeon General. Management of Soldiers with Tension Pneumothorax. 2006.

Fonte: Blog Marcelo Bini - Instrutor do CTTE -  https://medicinadecombate.wordpress.com

Marcelo Bini é Médico Combatente no Exército dos Estados Unidos e Policial e no Estado do Texas. Serviu no Hospital de Apoio ao Combate do Exército dos Estados Unidos, há poucos km da fronteira entre as Coreias do Sul e do Norte, onde permaneceu por 3 anos. Marcelo também atuou pela 32a Brigada Médica e a 1a Brigada de Strykers. Tem formação de paramédico pelo Centro Médico de Exército dos Estados Unidos e é instrutor de Atendimento Pré-Hospitalar Tático. Na área civil, Marcelo é instrutor de ACLS ( Suporte Avançado de Vida em Cardiologia e PALS (Reanimação Pediátrica) pela American Heart Association (AHA).



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